A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) lançou o OECD Policy Paper No. 175: Embedding Citizen Science into Research Policy em abril de 2025.

Este relatório aborda a implementação de Políticas Públicas em Ciência Cidadã, destacando os benefícios do envolvimento ativo dos cidadãos na cocriação de conhecimento científico e oferecendo recomendações para decisores políticos de investigação.

A Ciência Cidadã, uma componente da Ciência Aberta, envolve a participação ativa dos cidadãos na cocriação de conhecimento científico em todas as áreas e fases do processo científico.

Este método de pesquisa destaca-se por aumentar a cobertura e análise de dados, acelerar descobertas científicas, abordar de forma mais eficaz as necessidades e desafios da sociedade e promover a democratização, legitimidade e adoção de políticas informadas pelo conhecimento científico.

A ciência cidadã, ou seja, o engajamento ativo dos cidadãos na produção de conhecimento científico, é uma modalidade de pesquisa que pode ser aplicada em uma ampla variedade de campos científicos e é valiosa para abordar uma ampla gama de prioridades políticas.

Impulsionadores tecnológicos e sociais, como a transição digital e a maior conscientização e interesse do público pela ciência, estão sustentando o crescimento da ciência cidadã.

Existem três principais justificativas políticas para promover a ciência cidadã:

i) aumentar a cobertura e a análise de dados e acelerar a descoberta científica,

ii) abordar as necessidades e os desafios da sociedade de forma mais eficaz e

iii) promover a democratização, legitimidade e adoção de políticas informadas pelo conhecimento científico.

A ciência cidadã deve ser considerada como parte integrante da ciência aberta. A ciência cidadã tem valor potencial para provedores e usuários de conhecimento científico, não apenas em áreas onde seu valor já é reconhecido, como meio ambiente, biodiversidade, saúde e astronomia, mas também em muitos setores, desde energia e transição digital até transporte e design urbano.

Os cidadãos possuem importantes insights e conhecimentos (por exemplo, conhecimento local, histórico ou especializado) em todas essas áreas. Eles podem ajudar a coletar e analisar dados críticos e, mais importante, podem formular novas questões de pesquisa que lhes sejam pertinentes.

O engajamento dos cidadãos na pesquisa é fundamental para abordar muitos dos desafios complexos inerentes aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O arcabouço político consiste em três pilares para ajudar a garantir uma integração coerente e eficaz da ciência cidadã nas políticas de pesquisa:

1. Defender a ciência cidadã,

2. Orientar o passo a passo e

3. Considerar a implementação

A defesa da ciência cidadã depende da(s) justificativa(s) da política. A ciência cidadã pode ser alavancada para promover a pesquisa e atingir múltiplos objetivos políticos simultaneamente.

As orientações passo a passo e as considerações de implementação podem auxiliar os formuladores de políticas no planejamento, implementação e avaliação da ciência cidadã.

A diversidade de políticas e iniciativas existentes em ciência cidadã enfatiza as diferenças entre os países. Cada país possui seu próprio sistema de governança de pesquisa e se encontra em um estágio diferente de desenvolvimento da ciência cidadã.

Os países também têm diferentes objetivos políticos para a ciência cidadã. Portanto, a relevância e a viabilidade das recomendações de políticas e opções de políticas relacionadas, bem como os atores responsáveis ​​pela implementação, variam de país para país.

Em última análise, como a ciência cidadã está associada a múltiplos atores e interações entre eles, o pleno potencial da ciência cidadã só pode ser alcançado por meio dos esforços combinados de governos e agências de financiamento (iniciativas de cima para baixo), trabalhando em estreita cooperação com uma variedade de atores de base, incluindo cidadãos, cientistas profissionais, instituições de pesquisa e comunidades locais (iniciativas de baixo para cima).

Grupos e entidades dedicados à ciência cidadã, incluindo agentes intermediários públicos e privados, redes e associações, podem desempenhar um papel fundamental nessas interfaces.

O Relatório destina-se principalmente a formuladores de políticas de pesquisa em ministérios e agências de financiamento, para ajudá-los a reconhecer o potencial do uso da Ciência Cidadã e a planejar, implementar e avaliar políticas eficazes de ciência cidadã. Inclui um conjunto de recomendações gerais, vinculadas a um quadro político e opções políticas, e combinadas com a análise de iniciativas nacionais e internacionais ilustrativas.

Este trabalho resulta da colaboração no Grupo de Peritos OCDE do projeto “Citizen science: policies to promote citizen engagement in the production of scientific knowledge”, iniciado em 2023, com a participação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

== Referência ==

OECD (2025), “Embedding citizen science into research policy”, OECD Science, Technology and Industry Policy Papers, No. 175, OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/a1cfb1a8-en.

== Materiais de apoio – Incorporando a ciência cidadã na política de pesquisa ==