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Materiais e Gravação Webinar Proquest Dissertations and Thesis PQDT USP
Apresentamos a seguir os materiais e a gravação do webinar ProQuest Dissertations & Theses Global (PQDT) e Inteligência Artificial: Novas Formas de Apoiar a Pesquisa Acadêmica, realizado no dia 22 de outubro de 2025.
O acesso à Base de Dados ProQuest Dissertations & Theses Global (PQDT) deve ser realizado por meio de IP de computador autorizado USP ou acesso remoto VPN.
Link: https://www.webofscience.com/wos/pqdt/basic-search
Esperamos que o conteúdo tenha sido útil e inspirador para explorar novas formas de apoiar a pesquisa acadêmica por meio do uso de dissertações e teses e da integração com ferramentas de IA.
A seguir, apresentamos materiais complementares que podem ser compartilhados internamente em sua instituição:
Slides da apresentação utilizada durante o webinar (pt)
Brochura com informações gerais sobre a base de dados PQDT Global (eng)
Brochura sobre os benefícios de incluir teses e dissertações na base (ETD) (pt)
Estudo de caso de sucesso relacionado ao uso da PQDT- University of Chicago (eng)
Estudo de caso de sucesso relacionado ao uso da PQDT – University of Lancaster (pt)
Além disso, segue abaixo o link da gravação do webinar, que pode ser assistido novamente e compartilhado com seus pares e demais interessados:
https://videos.clarivate.com/watch/W7mBNaPGr4hRLTon2JA6Ev (pt)
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Relatório revela os pesquisadores brasileiros que mais influenciam políticas públicas
Análise em parceria da Bori com a base de dados Overton traz uma relação de 107 pesquisadores brasileiros com pelo menos 150 citações em documentos estratégicos, relatórios técnicos e pareceres usados por governos, organismos internacionais e organizações da sociedade civil publicados desde 2019 até a data de extração das informações (julho de 2025);
A USP reúne quase um quarto dos pesquisadores e pesquisadoras mais mencionados em políticas públicas (22 no total). É a universidade com maior número de cientistas na lista.
Entre os cinco mais influentes em tomadas de decisão, há também pesquisadores da Ufpel (Universidade Federal de Pelotas): Cesar G Victora (1º lugar, Ufpel), Carlos Monteiro (2º lugar, USP), Aluísio Barros (3º lugar, Ufpel), Paulo Saldiva (4º lugar, USP) e Pedro Hallal (5º lugar, Ufpel). Todos trabalham na área de saúde e somam mais de 5.500 citações em documentos ligados a tomadas de decisão;
Há baixa presença de mulheres entre os pesquisadores do Brasil que mais influenciam políticas públicas: das 107 pessoas mapeadas, apenas 22 são mulheres, o que corresponde a 22,5% do total.
A maior parte dos pesquisadores tem trabalhos mencionados em documentos de tomadas de decisão sobre Ecossistemas e Uso da Terra: entre os 107 nomes mapeados, 37 (35%) se destacam por concentrar esforços em temas que fazem do Brasil uma peça-chave no debate ambiental global. Esses trabalhos tratam de desmatamento, conservação, restauração e do papel dos ecossistemas na regulação do clima e na oferta de serviços essenciais à sociedade;
Em análise específica sobre documentos relacionados ao ODS 13: Ação contra a mudança global do clima, observa-se, no topo da lista, uma presença importante de pesquisadores do Inpe, da USP e da UFRJ;
Como exemplos de cientistas com impacto internacional em documentos relacionados ao ODS 13, destacam-se Paulo Artaxo (USP), citado no relatório “AR6 Climate Change 2022” (IPCC), documento referenciado por mais de 3.500 outros relatórios de políticas; e Bernardo Strassburg (PUC-Rio), cujo trabalho embasou o relatório “Global Warming of 1.5°C” da Organização Meteorológica Mundial (WMO), amplamente utilizado por formuladores de políticas climáticas em diversos países.
Os trabalhos e artigos produzidos pelos 107 pesquisadores brasileiros foram citados em mais de 33,5 mil documentos de políticas públicas publicados desde 2019. Um quarto desses pesquisadores (22) é vinculado à Universidade de São Paulo – USP.
Principais temas
Os 107 pesquisadores brasileiros com pelo menos 150 citações em documentos estratégicos foram classificados em nove macrocategorias de acordo com os temas predominantes de sua produção e de sua influência em tomadas de decisão – sendo que um/a pesquisador/a pode ser classificado/a em mais de uma delas.
A categoria ecossistemas e uso da terra concentra a maior parcela desses pesquisadores (37), seguida de doenças infecciosas e vacinas (22), clima e atmosfera (19), doenças não transmissíveis e serviços (17), alimentação e nutrição (16), economia e finanças (14), políticas públicas e governança (3), energia e transição (2) e educação (1).
Como a ciência influencia as políticas públicas?
A influência da ciência nas políticas públicas não ocorre de forma abstrata, mas a partir de evidências concretas que passam a embasar programas governamentais, legislações e estratégias de áreas como saúde e nutrição. Estudos desenvolvidos no Brasil já tiveram repercussão nacional e internacional, sendo usados como referência por ministérios, organizações multilaterais e agências regulatórias em diferentes países. O Brasil tem produzido estudos que não apenas orientam suas próprias políticas, mas que também influenciam as agendas globais.
Sobre a Bori
A Bori conecta a ciência brasileira e a produção de conhecimento à sociedade por meio da comunicação. Criada para facilitar o acesso de jornalistas a estudos inéditos e fontes qualificadas, nasceu com a convicção de que a ciência precisa ultrapassar muros e transformar realidades. Em apenas cinco anos, já divulgou à imprensa mais de 850 estudos, o que gerou mais de 10 mil notícias e mantém uma rede ativa de mais de 3.500 jornalistas cadastrados em todas as regiões do Brasil. Além de aproximar a imprensa da produção acadêmica, a Bori promove treinamentos, elabora pacotes de comunicação científica sob medida e influencia políticas públicas com base em evidências, sempre com o objetivo de promover a incidência do conhecimento científico na sociedade. https://abori.com.brSobre a Overton
A Overton é a maior plataforma internacional dedicada a mapear a interface entre ciência e políticas públicas. Compila e organiza milhões de documentos de centenas de países e organizações multilaterais, incluindo relatórios de ministérios, parlamentos, agências regulatórias e organismos internacionais. Seu objetivo é tornar visível como a pesquisa acadêmica é citada e utilizada em relatórios, pareceres e recomendações, permitindo rastrear a influência da ciência na formulação de políticas. Além de oferecer dados comparativos e indicadores, a Overton fornece ferramentas para que pesquisadores, gestores e jornalistas acompanhem em tempo real como a produção científica repercute em decisões concretas. Foi a partir dessa base global que se construiu parte essencial deste relatório. https://www.overton.ioLista de Pesquisadores
- César G Victora – Universidade Federal de Pelotas
- Carlos Augusto Monteiro – Universidade de São Paulo
- Aluísio J D Barros – Universidade Federal de Pelotas
- Paulo Hilário Nascimento Saldiva – Universidade de São Paulo
- Pedro C Hallal – Universidade Federal de Pelotas
- João S Campari – Governo Federal do Brasil
- Pedro H S Brancalion – Instituto de Pesquisa e Ciência Florestal / Universidade de São Paulo
- Bernardo B N Strassburg – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
- Álvaro Avezum – Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia / Hospital Alemão Oswaldo Cruz
- Britaldo Soares-Filho – Universidade Federal de Minas Gerais
- Rafael Goldszmidt – Fundação Getulio Vargas
- Abel L Packer – Fundação de Apoio à Universidade Federal de São Paulo
- Roberto Schaeffer – Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Carlos A Nobre – Universidade de São Paulo
- Luiz E O C Aragão – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
- Lucas Guimarães Abreu – Universidade Federal de Minas Gerais
- Micheline de Sousa Zanotti Stagliorio Coêlho – Universidade de São Paulo
- José A Marengo – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais / Universidade de São Paulo
- Renata Bertazzi Levy – Universidade de São Paulo
- Philip M Fearnside – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
- Ane Alencar – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
- Sergio Firpo – Fundação Getulio Vargas / Insper
- Clinton N Jenkins – Instituto de Pesquisas Ecológicas
- Beatriz Grinsztejn – Fundação Oswaldo Cruz
- Mercedes Bustamante – Universidade de Brasília
- Giovanny Vinícius Araújo de França – Universidade Federal de Pelotas
- Fernando C Barros – Universidade Federal de Pelotas
- Maicon Falavigna – Hospital Moinhos de Vento / Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- Geoffrey Cannon – Universidade de São Paulo
- Bernardo L Horta – Universidade Federal de Pelotas
- Renato Crouzeilles – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro / Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Christian Kieling – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- Deborah Carvalho Malta – Universidade Federal de Minas Gerais
- Flávia Ribeiro Machado – Universidade Federal de São Paulo
- Paulo A Lotufo – Universidade de São Paulo
- Rodney García Rocha – Fundação Getulio Vargas / Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Maria Laura da Costa Louzada – Universidade de São Paulo
- André F.P Lucena – Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Jean-Claude Moubarac – Universidade de São Paulo
- Ima Célia Guimarães Vieira – Museu Paraense Emílio Goeldi
- Paulo Artaxo – Universidade de São Paulo
- Blandina Felipe Viana – Universidade Federal da Bahia
- Samuel Osorio – Universidade de São Paulo
- Patricia Constante Jaime – Universidade de São Paulo
- Breno Magalhães Freitas – Universidade Federal do Ceará
- Carlos Carvalho – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
- Raoni Rajão – Universidade Federal de Minas Gerais
- Claudio Ferraz – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
- Álvaro Iribarrem – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
- Paulo Moutinho – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
- Valdiléa G Veloso – Fundação Oswaldo Cruz
- Jean Paul Metzger – Universidade de São Paulo
- Waleska Teixeira Caiaffa – Universidade Federal de Minas Gerais
- Felipe Barreto Schuch – Universidade Federal de Santa Maria / Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- Gulnar Azevedo e Silva – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
- Bruce Bartholow Duncan – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- Alexandre C Köberle – Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Marcos Heil Costa – Universidade Federal de Viçosa
- Pedro Rochedo – Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Juliano Assunção – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
- Luciano César Pontes Azevedo – Hospital Sírio-Libanês / Universidade de São
- Paulo Luis Augusto Rohde – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- Maurício Lacerda Nogueira – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
- Júlio Croda – Fundação Oswaldo Cruz / Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
- Fábio Rúbio Scarano – Universidade Federal do Rio de Janeiro
- João Paulo Souza – Universidade de São Paulo
- Alexandre Szklo – Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Felipe Gomes Naveca – Fundação Oswaldo Cruz
- Juliana Hipólito – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia / Universidade Federal da Bahia
- Daniel Piotto – Universidade Federal do Sul da Bahia
- Fernanda Rauber – Universidade de São Paulo
- Carlos H Barrios – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
- Vanderson de Souza Sampaio – Universidade do Estado do Amazonas / Fundação de Medicina Tropical
- Paulo S Boggio – Universidade Presbiteriana Mackenzie
- Neha Khandpur – Universidade de São Paulo
- Ricardo Ribeiro Rodrigues – Universidade de São Paulo
- Otávio Berwanger – Hospital Israelita Albert Einstein
- Ludhmila Abrahão Hajjar – Universidade de São Paulo
- Lincoln M Alves – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
- Thiago Lisboa – Hospital de Clínicas de Porto Alegre
- Victor Matsudo – Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul
- Giselda Durigan – Instituto Florestal Wuelton
- Marcelo Monteiro – Universidade do Estado do Amazonas / Fundação de Medicina Tropical
- Carlos Souza – Imazon
- Agnieszka E Latawiec – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
- Christopher Millett – Universidade de São Paulo Jos Barlow – Museu Paraense
- Emílio Goeldi / Universidade Federal de Lavras
- Mauro Schechter – Universidade Federal do Rio de Janeiro
- J R C Zanella – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
- Liana O Anderson – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
- Alexander Christian Vibrans – Universidade Regional de Blumenau
- Carlos Eduardo Pellegrino Cerri – Universidade de São Paulo
- Mauricio Lima Barreto – Universidade Federal da Bahia
- Régis Goulart Rosa – Hospital Moinhos de Vento
- Albert I Ko – Fundação Oswaldo Cruz Eduardo
- Leite Vieira Costa – Hospital Sírio-Libanês / Universidade de São Paulo
- Marcus Lacerda – Fundação de Medicina Tropical
- Rodrigo Siqueira Reis – Universidade Federal do Paraná / Pontifícia Universidade Católica do Paraná
- Peter H May – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
- Gilberto de Castro – Universidade de São Paulo
- Éster Cerdeira Sabino – Universidade de São Paulo
- Viviane Cordeiro Veiga – Beneficência Portuguesa de São Paulo
- Paulo Barreto – Imazon
- Rafael H M Pereira – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
- Celso von Randow – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
- Gilvan Sampaio – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
- Gustavo Suárez – Banco Central do Brasil
== Referência ==
Bori-Overton (2025). Os pesquisadores brasileiros que mais influenciam políticas públicas. Relatório técnico. out. 2025. Disponível em: https://abori.com.br/relatorios/
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Editora Taylor & Francis publica novos livros em acesso aberto
Ao final do segundo ano de sua iniciativa de financiamento coletivo, a Taylor & Francis anunciou a publicação de novos livros de acesso aberto (AA) sobre temas como bem-estar infantil, segurança global e inteligência artificial. A empresa também confirmou que o programa Pledge to Open terá duração de um terceiro ano.
O Pledge to Open apoia a publicação de livros que são gratuitos tanto para leitura quanto para publicação pelos autores, por meio da ação coletiva de bibliotecas. As instituições participantes possibilitam a disseminação mundial da pesquisa, beneficiando leitores em regiões com recursos limitados e autores com financiamento restrito para acesso aberto.
Vinte e quatro instituições e consórcios da Austrália, Áustria, Alemanha, Nova Zelândia, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos se comprometeram a apoiar pelo menos uma das coletâneas deste ano. Mais da metade dos autores que terão seus livros publicados em Acesso Aberto por meio do Pledge to Open estão sediados em países fora da Australásia, Europa e América do Norte.
O programa “Pledge to Open” da Taylor & Francis foi concebido para garantir que o conteúdo de livros em acesso aberto seja gratuito para leitura e publicação para o autor, maximizando a oportunidade de que esses livros alcancem um público amplo e diversificado e gerem um impacto real no mundo.
Em julho de 2023, o programa “Pledge to Open” foi lançado como um projeto piloto com o objetivo de dar os primeiros passos rumo a um modelo de financiamento coletivo sustentável e acessível no Programa de Publicação de Livros em Acesso Aberto da Taylor & Francis.
O projeto piloto centrou-se em sete coleções interdisciplinares temáticas inspiradas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Cada coleção apresentou 10 títulos de pesquisa de ponta sobre uma questão global fundamental. Confira na lista de coleções a seguir os ebooks publicados. ATENÇÃO: somente os e-books que possuem o símbolo
estão disponíveis em acesso aberto e texto completo. Clique no link para saber mais:Entre os novos livros que acabam de ser disponibilizados em Acesso Aberto por meio do programa Pledge to Open, estão:
Revitalizing the United Nations
Digital Twin and Blockchain for Sustainable Healthcare 5.0
The Foster Family in the Service of the Foster Child
Smart IoT for Sustainable Development
Fonte: Taylor and Francis initiative publishes 32 open access books. Research Information, 04 Nov. 2025. Disponível em: https://www.researchinformation.info/news/taylor-and-francis-initiative-publishes-32-open-access-books/
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Busca semântica multilíngue: superando as barreiras linguísticas na ciência
Superando as barreiras linguísticas na ciência por meio da busca semântica multilíngue – 8 de setembro de 2025, por Lautaro Matas e Kathleen ShearerIntrodução
Diariamente, pesquisadores do mundo todo publicam conhecimento em centenas de idiomas — espanhol na Argentina, português no Brasil, árabe no Egito, japonês no Japão, suaíli no Quênia.
Essa diversidade linguística não é um detalhe; é a essência da pesquisa global. No entanto, quando buscamos esse conhecimento, as ferramentas disponíveis se comportam como se apenas algumas línguas fossem realmente relevantes.
Uma vasta quantidade de pesquisas valiosas permanece oculta simplesmente por ter sido escrita em outro idioma. Isso ocorre porque a maioria dos sistemas de busca ainda se baseia em pesquisa por palavras-chave — que busca a correspondência exata das palavras da sua consulta com as palavras exatas em um índice. Isso funciona bem em um ambiente monolíngue, mas falha em um mundo multilíngue.
Mas, e se a busca funcionasse de forma diferente? E se você pudesse digitar uma consulta no seu próprio idioma — cambio climático , énergies renouvelables , 再生可能エネルギー — e encontrar resultados relevantes em inglês, francês, espanhol, japonês ou outros idiomas, sem precisar traduzir uma palavra sequer?
Essa é a promessa da busca semântica multilíngue : buscar não por palavras exatas, mas por significado.
Em junho de 2025, a Confederation of Open Access Repositories COAR iniciou um projeto para investigar o potencial da busca semântica multilíngue no contexto da literatura acadêmica e desenvolver um modelo conceitual que pudesse aplicar essa tecnologia em repositórios e suas agregações de texto completo.
Esse trabalho envolveu entrevistas com especialistas da área, uma revisão das opções técnicas atuais, bem como um breve levantamento sobre as práticas atuais no ecossistema acadêmico.
Esses esforços se baseiam no trabalho fundamental realizado nos últimos anos pelo Grupo de Trabalho do COAR sobre Apoio ao Multilinguismo e Conteúdo em Línguas Não Inglesas , e também em provas de conceito iniciais realizadas recentemente na América Latina pela LA Referencia e pelo IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia). Esta postagem no blog apresenta uma visão geral de nossas deliberações e conclusões iniciais e da próxima fase do nosso trabalho.
Esta é uma tradução livre da matéria publicada na COAR News [1] de setembro de 2025.
O problema com a busca atual
A maioria dos sistemas de descoberta é construída em torno da correspondência de palavras-chave. Eles tentam alinhar as palavras exatas em uma consulta com as palavras exatas armazenadas em títulos, resumos e metadados.
Esse método é muito rígido — pressupõe que o usuário conheça o vocabulário preciso usado no registro. Mesmo em um único idioma, isso cria lacunas: um artigo sobre geração de energia sustentável, por exemplo, pode nunca aparecer como resposta a uma busca por energia renovável .
Mas o problema se agrava muito em contextos multilíngues, porque a maioria dos índices de busca é projetado com ferramentas de processamento — tokenizadores, stemmers, regras de classificação — criados para um único idioma.
Eles funcionam razoavelmente bem em inglês e, às vezes, em outro idioma importante, mas não conseguem lidar com a diversidade de estruturas linguísticas em centenas de idiomas.
Como resultado, uma vasta quantidade de pesquisas permanece efetivamente invisível, a menos que o pesquisador consiga prever a forma exata das palavras no mesmo idioma para o qual o sistema foi desenvolvido.
O resultado? Pesquisadores, profissionais e formuladores de políticas ficam sem acesso a conhecimentos que poderiam fazer uma diferença real. Isso não é apenas uma limitação técnica — é uma desigualdade estrutural.
Problemas típicos de descoberta de palavras-chave– Viés de palavra exata: se sua busca for “energia renovável”, você perderá conteúdo rotulado como “geração de energia sustentável”.
– Barreiras linguísticas: uma busca em espanhol por “cambio climático ” não retornará artigos em inglês sobre “mudanças climáticas”.
– Viés de idioma dominante: os algoritmos de classificação frequentemente priorizam o conteúdo em inglês, mesmo quando o material em outros idiomas é altamente relevante.
– Scripts não latinos, como chinês, árabe ou russo, podem ficar invisíveis a menos que as consultas sejam digitadas exatamente da maneira correta.Uma abordagem diferente: buscar pelo significado
Em vez de perguntar “Estas palavras aparecem neste documento?” , a pesquisa semântica pergunta “Este documento expressa a mesma ideia que a consulta — independentemente do idioma ou da formulação?”.
Isso é possível graças a embeddings multilíngues (multilínguas incorporadas) — modelos de aprendizado de máquina que representam frases como vetores em um “espaço de significado” compartilhado. Frases equivalentes em diferentes idiomas — renewable energy , energía renovable , énergie renouvelable — são colocadas próximas umas das outras.
O resultado
– Os sistemas já não dependem de enormes tesauros com curadoria manual.
– Um pesquisador pode consultar sua própria linguagem e obter resultados de muitas outras.
– Diferentes formulações de conceitos semelhantes e sinônimos não impedem a obtenção de resultados relevantes.A busca semântica não substitui a busca por palavras-chave. Em vez disso, ela adiciona uma nova e poderosa funcionalidade de busca, resultando em um sistema híbrido que combina a precisão das palavras-chave com a abrangência da descoberta baseada em significado.
Experimentos iniciais: sinais promissores
Provas de conceito realizadas em diferentes redes de repositórios — como LA Referencia na América Latina e IBICT no Brasil — já testaram a busca semântica multilíngue em pequena escala. A configuração foi simples: gerar embeddings para títulos e resumos, executar buscas de similaridade vetorial e comparar esses resultados com correspondências tradicionais por palavras-chave.
Os resultados foram encorajadores:
– A recuperação de informações em vários idiomas pareceu natural. Os usuários podiam digitar consultas em um idioma e encontrar resultados relevantes em outros.
– Maior visibilidade para línguas sub-representadas. Conteúdo em português, árabe ou japonês apareceu com mais frequência.
– Compatibilidade com sistemas existentes. Os protótipos funcionaram em conjunto com a coleta e indexação de metadados padrão sem interrupções.Ainda existem desafios: o desempenho varia conforme o idioma, os embeddings (incorporados) exigem armazenamento e processamento adicionais, e avaliar a relevância entre diferentes idiomas é complexo. Mas a prova de conceito é clara: a abordagem funciona.
Caminhos propostos para a adoção
Em vez de cada infraestrutura adotar seus próprios códigos multilíngues incorporados, propomos implementar uma abordagem baseada na comunidade que nos permita trabalhar juntos para manter uma coleção compartilhada de embeddings que possa ser usada por todos. E existem três caminhos práticos que poderiam ser implementados nesse contexto comunitário:
1. O “Embedding Commons”. Repositórios e redes compartilham um modelo multilíngue comum e um formato de troca, gerando ou reutilizando embeddings localmente.
– Ponto forte: máxima interoperabilidade e respeito à soberania institucional.
– Desafio: requer forte coordenação e controle de versões.2. Coletar, processar e disponibilizar. Um serviço central gera embeddings e os fornece via API, de modo que as instituições não precisam executar a infraestrutura.
– Ponto forte: barreira de entrada muito baixa.
– Desafio: dependência de um operador central, necessidade de financiamento sustentável.3. Plugins e complementos. Para plataformas como DSpace ou Dataverse, plugins desenvolvidos pela comunidade poderiam fornecer recursos de busca semântica diretamente.
– Ponto forte: atende aos usuários onde eles já estão.
– Desafio: risco de fragmentação sem padrões.A chave é encarar a adoção como um processo gradual e flexível — começando pequeno, experimentando serviços hospedados e expandindo à medida que se ganha experiência.
Diretrizes para o sucesso
É importante ressaltar que a introdução de modelos de incorporação multilíngues em sistemas de descoberta exige uma governança cuidadosa. Três áreas se destacam:
– Equidade: evite privilegiar idiomas que já dominam o mercado. O monitoramento regular da classificação dos resultados de busca é essencial.
– Transparência: os modelos e os dados de treinamento devem ser documentados e, idealmente, de código aberto. Os usuários têm o direito de saber como os resultados são gerados.
– Sustentabilidade: a busca semântica não é algo que se configura e se esquece. Os modelos precisam ser continuamente atualizados e reindexados, e, portanto, precisaremos de financiamento estável para computação e conhecimento especializado.
Esses tipos de mecanismos de proteção garantirão que o sistema funcione não apenas tecnicamente, mas também de forma ética e inclusiva.
Imagine um agrônomo no Peru pesquisando em espanhol e descobrindo estudos em japonês e etíope. Ou um formulador de políticas em Gana recuperando pesquisas em português e inglês com a mesma facilidade. Isso não é apenas uma atualização técnica. É uma transformação rumo a um verdadeiro acervo acadêmico multilíngue onde o idioma da pesquisa não limita mais o acesso ao conhecimento. Para chegarmos lá, precisamos de infraestrutura compartilhada, governança transparente e uma escolha coletiva: tratar todos os idiomas como igualmente valiosos no fluxo global de ideias. Ao trilharmos esse caminho, a próxima geração de pesquisadores herdará algo mais rico: um registro global de conhecimento que reflete toda a diversidade da sabedoria humana.
Porque quando você faz uma pergunta em seu idioma, o mundo inteiro deveria ser capaz de respondê-la.
Próximos passos para o COAR
Um relatório completo, detalhando as tecnologias que sustentam nosso modelo de busca semântica multilíngue, está sendo preparado e será compartilhado com a comunidade nas próximas semanas. O relatório também incluirá uma proposta para a implementação gradual dessa abordagem no contexto da rede global de repositórios. Além disso, lançaremos uma consulta pública para coletar contribuições e feedback da comunidade em geral. Informações sobre como participar da consulta serão disponibilizadas quando publicarmos o relatório, no próximo mês, no site da COAR e por meio de diversas redes sociais (Mastadon/Bluesky).
Já há um Relatório da COAR intitulado Good Practice Advice for Managing Multilingual and non-English Language Content in Repositories publicado em 2023 [2].
Descrição da imagem principal
A imagem é um cartaz promocional sobre a Semana de Acesso Aberto (Open Access Week), destacando a diversidade de idiomas no mundo e a importância de que a pesquisa científica seja compartilhada em outras línguas além do inglês. A mensagem principal é incentivar o uso de repositórios para compartilhar pesquisas no idioma de sua escolha, promovendo a quebra de barreiras linguísticas na ciência.
Existem mais de 7.000 idiomas no mundo e apenas um deles é o inglês.
A mensagem incentiva o uso de repositórios para compartilhar pesquisas no idioma de sua escolha.
O objetivo é quebrar as barreiras linguísticas na ciência por meio de buscas semânticas multilíngues.== Referência ==
[1] MATAS, Lautaro; SHEARER, Kathleen. Breaking language barriers in science through semantic multilingual search. COAR News, Sept. 8, 2025. Disponível em: https://coar-repositories.org/news-updates/breaking-language-barriers-in-science-through-semantic-multilingual-search/ Acesso em: 05 nov. 2025.
[2] COAR Task Force on Supporting Multilingualism and non-English Content in Repositories. Good Practice Advice for Managing Multilingual and non-English Language Content in Repositories. COAR, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.5281/zenodo.10053918 Acesso em: 05 nov. 2025.
Notícias relacionadas:
COAR lança o Diretório Internacional de Repositórios. July 2025. Disponível em: https://www.acessoaberto.usp.br/coar-lanca-o-diretorio-internacional-de-repositorios/
Sobre a COAR
A COAR – Confederation of Open Access Repositories – é uma associação internacional com mais de 130 membros e parceiros de todo o mundo, representando bibliotecas, universidades, instituições de pesquisa, financiadores governamentais e outros. A COAR reúne repositórios individuais e redes de repositórios para desenvolver capacidades, alinhar políticas e práticas e atuar como uma voz global para a comunidade de repositórios. https://coar-repositories.org/about-coar/
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